Conferencia Cientifica: A Construção do Estado em África: Lições do Passado e Desafios do Futuro
- UJAC
- May 28, 2024
No âmbito das celebrações do 61.º aniversário da criação da Organização da Unidade Africana (OUA), a Universidade de Ciência e Tecnologia Joaquim Alberto Chissano (UJAC) organizou uma conferência científica que reuniu vozes proeminentes do panorama académico, político e social para refletir sobre os desafios e as oportunidades no processo de construção do Estado no continente africano. Sob o tema “A Construção do Estado em África: Passado, Presente e Futuro”, o evento teve lugar em Maputo e constituiu uma plataforma de debate centrada nos erros do passado, nas conquistas do presente e nas aspirações de um futuro melhor.
O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, que foi patrono da conferência, marcou o tom do evento com uma análise introspectiva sobre a trajetória de África. Durante a sua intervenção, Chissano enfatizou que o continente deve aprender com os erros do passado no processo de construção dos seus Estados. “À medida que continuamos a nossa jornada rumo à construção de Estados mais fortes e prósperos, devemos aprender com os erros do passado, honrar as lições da história e permanecer comprometidos com os ideais de justiça, democracia e desenvolvimento humano”, declarou o estadista. Este apelo à reflexão não se limitou a um olhar crítico, mas também apontou para a necessidade de uma abordagem mais prática e estratégica para enfrentar os desafios contemporâneos.
A ministra da Administração Estatal e Função Pública, Ana Comoane, que procedeu à abertura oficial da conferência, destacou os desafios decorrentes das alterações climáticas, uma realidade que afeta profundamente muitos Estados africanos. Além disso, apontou os progressos de Moçambique na gestão de conflitos internos como uma referência para o continente, sublinhando a consolidação do diálogo pós-acordos de paz e o modelo DDR (Desarmamento, Desmobilização e Reintegração), que já granjeou reconhecimento a nível internacional.
A conferência não se limitou a uma análise dos problemas do presente, mas incentivou uma reflexão mais ampla sobre os fenómenos históricos e políticos que têm moldado África ao longo das décadas. O Reitor da UJAC, Professor Doutor Jamisse Taimo, instou os participantes a analisarem criticamente as escolhas políticas e ideológicas feitas após as independências africanas, bem como o impacto da democracia multipartidária e os recentes golpes de Estado que têm abalado o continente. “Os países africanos têm-se deparado com grandes desafios que, em determinado momento, precisam de ser escrutinados e compreendidos à luz da história recente de África”, afirmou o Reitor, reforçando a importância de se adotar uma perspetiva equilibrada entre passado e presente.
Nas várias sessões plenárias e paralelas, os oradores exploraram temas transversais como corrupção, industrialização, democracia e o papel da cultura na promoção da paz e reconciliação. Foram partilhadas experiências concretas de países como Moçambique e Angola, sublinhando a importância de soluções contextuais para os problemas específicos do continente. Também se discutiu a governança de recursos naturais, os efeitos das migrações e o impacto da globalização, reforçando a necessidade de estratégias regionais e continentais coordenadas.
Com um discurso vigoroso e cheio de ambição, a conferência científica organizada pela UJAC destacou-se como um marco importante no debate académico e político em Moçambique e em África. O evento deixou uma mensagem clara: é essencial que os africanos construam o futuro que desejam, aprendendo com o passado e assumindo um compromisso inabalável com os valores de justiça, paz e desenvolvimento sustentável. Ao reunir perspetivas de líderes, académicos e outros atores relevantes, a UJAC afirmou-se como uma plataforma de referência para o debate sobre o futuro de África, sinalizando que este foi apenas o início de uma série de encontros destinados a aprofundar estas reflexões e reforçar o papel do continente no cenário global.